«A singeleza do Teatro Dom Roberto, nos seus vários aspetos referidos, encontra particular expressão no dispositivo cénico, que é o mais simples de todos os conhecidos.
A barraca é aberta na parte superior, sendo constituída apenas por quatro lados que formam um quadrado com cerca de um metro de lado, medida máxima que permite a um único bonecreiro colocar dois bonecos em todos os pontos possíveis do espaço de representação. Este tipo de barraca possibilita ainda que o público se disponha “ao redor” e não apenas em posição frontal.
Construída numa estrutura leve de madeira, é tradicionalmente revestida de “chita”, um tecido muito popular e barato, estampado com cores garridas e belos desenhos. Os cenários não existem, ou melhor, digamos que desta conceção de barraca resulta que o décor passsa a ser constituído pelo meio envolvente: o céu azul, as árvores de um parque ou a fachada de uma casa, situação esta frequente nas representações efetuadas nas cidades. Elementos soltos de cenário aparecem, por vezes, não com uma função decorativa mas por necessidade das próprias histórias: um castelo, uma arca, um guarda-vestidos, as ondas do mar, um barco… e até aparelhos de circo que nas representações antigas serviam para ratos amestrados mostrarem as suas habilidades com o objetivo de atrair público para a função.
Em duas gravuras que nos mostram cenas típicas da Lisboa oitocentista, encontramos outras formas de representação: numa delas a barraca reduz-se a um simples pano que é dependurado no vão da porta de uma casa, atrás do qual o bonecreiro representa; a outra mostra-nos um espetáculo dos curiosíssimos “Títeres de Capote”, bastante populares em Portugal e no Brasil, e no qual um homem/músico se serve da sua própria capa para esconder um jovem bonecreiro.» – João Paulo Seara Cardoso (1956-2010)
In “Teatro Dom Roberto: breve história e notas”
A barraca é aberta na parte superior, sendo constituída apenas por quatro lados que formam um quadrado com cerca de um metro de lado, medida máxima que permite a um único bonecreiro colocar dois bonecos em todos os pontos possíveis do espaço de representação. Este tipo de barraca possibilita ainda que o público se disponha “ao redor” e não apenas em posição frontal.
Construída numa estrutura leve de madeira, é tradicionalmente revestida de “chita”, um tecido muito popular e barato, estampado com cores garridas e belos desenhos. Os cenários não existem, ou melhor, digamos que desta conceção de barraca resulta que o décor passsa a ser constituído pelo meio envolvente: o céu azul, as árvores de um parque ou a fachada de uma casa, situação esta frequente nas representações efetuadas nas cidades. Elementos soltos de cenário aparecem, por vezes, não com uma função decorativa mas por necessidade das próprias histórias: um castelo, uma arca, um guarda-vestidos, as ondas do mar, um barco… e até aparelhos de circo que nas representações antigas serviam para ratos amestrados mostrarem as suas habilidades com o objetivo de atrair público para a função.
Em duas gravuras que nos mostram cenas típicas da Lisboa oitocentista, encontramos outras formas de representação: numa delas a barraca reduz-se a um simples pano que é dependurado no vão da porta de uma casa, atrás do qual o bonecreiro representa; a outra mostra-nos um espetáculo dos curiosíssimos “Títeres de Capote”, bastante populares em Portugal e no Brasil, e no qual um homem/músico se serve da sua própria capa para esconder um jovem bonecreiro.» – João Paulo Seara Cardoso (1956-2010)
In “Teatro Dom Roberto: breve história e notas”